WASHINGTON – Donna Hrinak, presidente da Boeing na América Latina e ex-embaixadora americana no Brasil, afirmou nesta quarta-feira em Washington que continua otimista com o Brasil, apesar dos problema de curto prazo. Ela disse que a companhia não reduziu as previsões para o mercado de aviação: gerar negócios de US$ 350 bilhões até 2034 na América Latina, com o Brasil respondendo por 40% deste total, por acreditar na retomada do crescimento econômico no médio prazo.
— Mesmo com o Brasil em recessão desde em meados de 2014, o tráfego de passageiros não caiu até setembro último, mais de um ano depois. Agora caiu por dois meses seguidos, mas há uma demanda de tráfego de pessoas que não vão voltar para o ônibus — disse ela, que afirmou que, no máximo, a participação brasileira na compra de aviões cairá “1% ou 2%”.
Ela voltou a repetir sua frase famosa, afirmando que o Brasil não é um país, mas uma religião e que é preciso “ter fé”. Quando indagada sobre o humor dos outros investidores com quem conversa, conta que percebe um pouco de frutração no curto prazo, embora muitos ainda continuem vendo oportunidades no país. Para ela, parte dos problemas do país são causados pela falta de comunicação do governo. A executiva afirmou que o país está muito melhor, que todo o combate à corrupção gera transparência e que agora o país conta com um atuante Ministério Público.
— Eu tenho dito às pessoas: se você ama o Brasil, vai ter o coração partido. Muitas vezes, quando vcoê tem o coração partido e reata a reação está ainda mais forte — disse ela, que mora em São Paulo e lembra que a empresa mantém cada vez mais parcerias com a Embraer. — O Brasil tem muito mais ferramentas para sair da crise que nos anos 1980.
Ela, entretanto, criticou a Infraero e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Donna contou que está há sete anos pedindo a aprovação do maior avião de cargas da empresa, o 747-8, para 16 aeroportos e só boteve autorização em cinco, quatro deles concedidos: Viracopos (SP), Guarulhos (SP), Manaus (AM), Galeão (RJ) e Cabo Frio (RJ). Ela afirma que, muitas vezes, faltam apenas adaptações simples, como mudar a pintura das pistas, e que isso poderia ampliar em muito a exportação de maior valor agregado. Lembrou que 400 aeroportos do mundo já aceitam este avião.
— Os exportadores brasileiros gostariam. Um dos portos que gostaríamos de aprovar (o uso do 747-8) é o de Petrolina-Juazeiro. Pode exportar frutas e vegetais da área por avião — disse.
Fonte: O GLOBO