A TAM é a única empresa aérea que tem declarado interesse de criar um aeroporto de conexões, o chamado Hub, na região Nordeste. As concorrentes Gol, Azul e Avianca apontam que este investimento não faz parte dos planos de curto e médio prazos, ou por causa da demanda ainda baixa, ou por causa do modelo de malha aérea que operam.
Os aeroportos das nove capitais nordestinas respondem hoje por um quinto dos passageiros
embarcados no Brasil. Entre janeiro e maio deste ano, por exemplo, foram 7,6 milhões de
embarques nesses terminais, ante 40 milhões de passageiros voando no país no período.
Nesses mesmos cinco meses, o aeroporto de Guarulhos embarcou 16 milhões de pessoas e
a ponte aérea Rio-São Paulo – ligando os terminais Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP) –
somou 6 milhões de passageiros embarcados. Por isso, Gol, Azul e Avianca apontam que na
conjuntura atual do mercado aéreo brasileiro ainda é possível atender a demanda nordestina sem hub lá.
A Gol, maior rival da TAM em participação no mercado – cada uma detém 36% de
passageiros-quilômetros transportados no mercado doméstico -, opera só 16 destinos na região Nordeste, para onde realiza 562 voos.
A Azul, terceira maior aérea do país, com 17% do mercado, opera um modelo de malha mais
pulverizada, alimentada por um número maior de destinos secundários buscando passageiros em uma rede de 100 cidades – enquanto Gol e TAM atendem entre 40 e 50 destinos no Brasil – com aviões menores. Com essa malha mais ampla, a empresa atende 24 cidades nordestinas por meio de 100 decolagens diárias entre estados da região.
A Avianca, quarta maior do mercado brasileiro com 9% de demanda também descarta um hub no Nordeste neste momento. Mas aponta que pode rever essa posição se houver oportunidades incentivadoras para a criação deste tipo de terminal de conexão no futuro.
Entre os elementos que os executivos da aviação citam como capazes de tornar viável um Hub estão redução de custos de taxas aeroportuárias e combustíveis.
Segundo informações da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), terminais que
reduziram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 25% para 12%, por exemplo, elevaram em mais de 20% a oferta de voos.
Como o combustível responde por cerca de 40% dos custos operacionais de uma companhia aérea, a empresa busca colocar a maior quantidade possível de escalas nos lugares em que a alíquota é menor para economizar na hora de reabastecer tanques.
No caso das tarifas aeroportuárias, a Abear diz que os terminais que passaram para a
concessão privada passaram a cobrar mais das companhias aéreas. Um fator que deve ser
evitado no novo hub. Nas áreas operacionais, as empresas de aviação estão pagando em
média até 181% mais hoje que antes das concessões. Já a locação de áreas de carga e
manutenção estão 363% mais caras.


