Empresas aéreas devem manter capacidade reduzida em 2017

Após vender aeronaves, devolver novas aquisições e cortar voos para reduzir a oferta de passagens,
companhias aéreas entrarão em 2017 ainda sem previsão de voltar a aumentar sua capacidade
para voos domésticos.

A demanda por voos domésticos teve seu 15º mês seguido de retração em outubro, com queda
de 5,6% em relação ao mesmo mês de 2015, segundo a Anac (Agência Nacional de Aviação

Civil). A oferta de assentos também caiu 5,6%, na mesma base de comparação.

Esse equilíbrio de oferta reduzida em resposta à demanda fraca pode ser feito com a retirada de
aviões das frotas. Mas é um gerenciamento complexo porque a compra de aeronaves para
expansão geralmente ocorre com anos de antecedência, o que dificulta a previsão de cenários
econômicos futuros. O mais usual é o corte de frequência de rotas menos rentáveis –voos
regionais costumam ser os mais afetados.

FROTA MENOR

Na Gol, o processo de reestruturação da frota inclui a retirada de mais cinco aeronaves no
primeiro trimestre do próximo ano.

“Se no ano que vem nós tivermos, eventualmente, a necessidade de uma redução adicional por
um cenário macroeconômico ainda mais adverso, a companhia poderá voltar a fazer novas
reduções”, diz Paulo Kakinoff, presidente da Gol.

Ele diz que a empresa criou mecanismos para agilizar essa adequação, padronizando a frota
para que todos os aviões possam ser realocados em destinos mais rentáveis quando quaisquer
rotas apresentarem pior desempenho.

Seu contrato com a Boeing também foi estruturado para facilitar essa flexibilização. “No ano que
vem, não temos planejamento de receber novas aeronaves da Boeing, mas, se tivéssemos,
poderíamos postergar”, diz Kakinoff.

Outra medida já praticada pela Gol é o deslocamento de parte de sua frota na baixa temporada
brasileira para ser operada por companhias de fretamento da Europa.

A Latam diz que “segue conservadora” e projeta para o mercado brasileiro uma redução de 10%
a 12% na sua oferta doméstica de voos até o fim deste ano. No terceiro trimestre, a oferta
doméstica foi reduzida em 13,2%.

Diretrizes específicas do grupo Latam para 2017 ainda não foram divulgadas, mas a empresa
afirma que “acredita que os sinais de reação do mercado brasileiro ainda são tímidos e
insuficientes para sustentar uma previsão de recuperação no curto prazo”.

Esses ajustes se somam a outras adequações domésticas e internacionais que a empresa fez
recentemente, como o corte na oferta de voos nas rotas entre Brasil e EUA, que já caiu 31,5%
no terceiro trimestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015.

Procurada, a Azul não quis dar projeções para 2017. Dados da Anac apontam que a empresa
teve queda de 5,78% na oferta em outubro de 2016, em relação ao mesmo mês de 2015. No ano
passado, a Azul chegou a devolver cerca de 20 aeronaves, entre jatos Embraer e turboélices ATR.

CAPACIDADE

A melhora do aproveitamento de voos por meio do gerenciamento de capacidade evita que as
companhias tenham que reduzir os preços a um patamar inviável.

O viajante de negócios representa parte importante da demanda que se perdeu a partir do segundo
semestre de 2015. Afugentado pelo aprofundamento da crise que reduziu o patamar de negócios
em diversos setores, esse passageiro nem às reduções de preços costuma reagir.

Quem viaja a passeio é mais sensível a estímulos como promoções, marketing e outros esforços
de vendas, diz Maurício Emboaba, consultor técnico da Abear (Associação Brasileira das
Empresas Aéreas). “Quando o viajante de negócios diminui, a alternativa é estimular o de turismo.

Mas ele paga menos.”

Céu encoberto

5,6%

foi a queda na demanda por voos domésticos em outubro; a oferta apresentou redução equivalente
no mês

79,2%

foi a ocupação das aeronaves no mercado doméstico em outubro

84,5%

era a ocupação em janeiro de 2015, antes do aprofundamento da crise no setor

2,9%

foi a queda na oferta de assentos de mercado internacional em outubro, segundo a Anac
(Agência Nacional de Aviação Civil)

20%

foi a redução no número de decolagens, uma das medidas tomadas pela Gol neste ano, que
abrangem suspensão de voos para alguns destinos e foco em outros mais rentáveis

20

foi o número de aeronaves devolvidas pela Azul em 2015

12%

é a projeção feita pela Latam no mercado brasileiro para a redução na oferta doméstica de voos
até o fim de 2016

 

Por erro da Gol, criança de seis anos que iria a Vitória vai parar em Curitiba

DE SÃO PAULO

Uma criança de seis anos que estava desacompanhada e deveria viajar do Rio de Janeiro a Vitória
acabou indo, por erro da Gol, para Curitiba. Em nota, a empresa reconheceu o erro e pediu
desculpas.

Segundo o pai do menino, Wanderson Romão, 32, que publicou um relato em uma rede social, a
criança mora com a mãe no Rio e iria ao Espírito Santo comemorar o aniversário do pai.

Ele conta que era a primeira vez que o filho viajaria desacompanhado, com autorização judicial
para voar apenas para os estados do Rio, Espírito Santo e São Paulo (onde possuem familiares).
Pagou R$ 750 pelas passagens, com uma taxa extra de R$ 100 pelo serviço de acompanhamento.

A mãe da criança se despediu do filho no aeroporto do Galeão às 16h, segundo Romão. Às
18h20, quando começou o desembarque do voo no Espírito Santo, ele não apareceu. “Daí
começou o desespero”, escreveu o pai.

Ele conta que entrou na sala de desembarque e questionou funcionários da empresa e do
aeroporto, que pouco ajudaram. Ainda perguntaram se a passagem foi comprada por milhas,
segundo Romão.

Só conseguiu assistência, diz, quando acionou a Polícia Federal no aeroporto. “Ninguém estava
acreditando, a vó da criança, eu, a mãe, meus amigos. O mundo caiu!”, disse o pai.

Após mais de uma hora de tensão, conseguiram localizar o garoto em Curitiba. O pai diz que
não conseguiu falar com o menino por telefone e que a criança viajou sem a companhia de
um funcionário da empresa –a Gol nega (veja abaixo)

Para reparar o problema e levar o menino de volta a Vitória, a única opção era um voo com escala
no Rio, conta Romão. Nervoso com a situação, ele diz ter preferido que a criança ficasse no Rio
com a mãe e nem fosse para Vitória, para evitar transtornos. O pai diz que vai entrar na Justiça

contra a empresa.

OUTRO LADO

Em nota, a Gol reconheceu que “houve uma falha no procedimento de embarque da criança,
ocasionando a troca do voo”, pediu desculpas à família e disse que “adotará medidas para evitar
que situações como essa voltem a acontecer”.

A empresa, no entanto, negou que a criança ficou desacompanhada. “A companhia reforça que
a todo momento o menor esteve assistido por um colaborador da Gol e que imediatamente
manteve contato com a família para prestar a assistência necessária”, diz.

JOANA CUNHA

DE SÃO PAULO

Valor

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