O presidente da companhia aérea Latam no Brasil, Jerome Cadier, tem uma expectativa positiva para 2019, com aumento na procura por viagens aéreas e câmbio mais estável. “O setor só vai conseguir repassar custos aos preços à medida que a demanda voltar. Por isso, olho para 2019 com mais otimismo”, afirmou ontem, durante encontro com investidores.
“Vejo que a demanda está voltando devagar. O dólar está se estabilizando em um patamar em torno de R$ 4. O dólar mais estável traz demanda internacional, tão necessária para o setor”, acrescentou.
Neste ano, segundo ele, foi difícil repassar às tarifas os aumentos nos preços do querosene de aviação e a alta do dólar. Apesar das dificuldades, considera que 2018 foi de grandes mudanças para a companhia. A partir do segundo trimestre, a Latam voltou a ampliar a oferta de voos internacionais – com 27 novas rotas -, após 10 trimestres consecutivos de redução.
A companhia também repensou as rotas domésticas para melhorar a sua gestão de custos e otimizar o uso da frota, segundo Cadier. “Fizemos mudanças em abril e em outubro. E vamos fazer mais ajustes em abril de 2019, para melhorar a conectividade da operação em Guarulhos”, afirmou, referindo-se ao aeroporto internacional de São Paulo.
O executivo contou que a Latam iniciou investimento de US$ 400 milhões na reconfiguração interna de 40 aviões. As aeronaves Boeing 777, Boeing 767, Airbus A320 e Airbus A321 terão mais espaço nas poltronas da classe executiva. A remodelação será feita no centro de manutenção da Latam em São Carlos (SP). A unidade recebeu investimento de R$ 22 milhões para ampliar sua estrutura, comprar equipamentos e contratar mais 150 pessoas.
A empresa também unificou os sistemas de reservas de passagens, e inaugura, em fevereiro, um grande centro de manutenção de linha em Guarulhos, para ganhar mais agilidade no processo de manutenção das aeronaves.
“Foi um ano de escolhas duras, mas era importante trazer um novo nível de competitividade e renovação para a companhia”, disse Cardier.
O executivo afirmou que vê com bons olhos o aumento da competição no mercado brasileiro, com a entrada de companhias aéreas de baixo custo. Neste mês, as empresas Sky Airlines, do Chile, e a europeia Norwegian, que operam nesse modelo, anunciaram voos partindo do Brasil para Chile e Europa, respectivamente.
“Acho ótimo que estrangeiras venham competir, mas desde que sigam as mesmas regras que as empresas brasileiras. Hoje é mais barato uma empresa estrangeira operar no Brasil do que uma nacional”, afirmou.
Ele disse que pilotos brasileiros não podem fazer voos de mais de 14 horas. “O voo de São Paulo para Tel Aviv, por exemplo, terá que ser feito pela tripulação chilena, porque a legislação chilena é mais flexível”, disse Cadier, acrescentando que para um voo de São Paulo a Chicago, a empresa nacional precisa ter três pilotos na cabine, mas a mesma exigência não é feita a companhias internacionais. “As brasileiras têm um custo maior. Dessa maneira vamos ter um mercado de voos internacionais dominado pelas estrangeiras sempre.”
Cadier afirmou ontem, ainda, que espera concluir a incorporação da Multiplus, empresa de programas de fidelidade do grupo, entre o primeiro e o segundo trimestres de 2019.
Fonte: Valor.