Uma nova porta de entrada para a Europa, cercada por novas janelas de oportunidades. É assim que se desenha a Fortaleza do futuro, desde a última segunda-feira, 25, quando Air France, KLM e Gol declararam a Cidade como sede de um hub (centro de conexão de voos) das empresas no Nordeste. E ainda apta para se conectar diretamente a Paris e Amsterdã, a partir de maio do ano que vem.
“As primeiras atividades a aquecerem com a novidade são aquelas prestadas pelos setores de segurança de bagagens, manutenção de aeronaves e catering (comissaria, em tradução livre)”, aponta o especialista em transporte aéreo e infraestrutura aeroportuária, Carlos Grotta.
O catering aéreo se refere ao abastecimento de refeições a bordo e é o trabalho ao qual Maria Lúcia da Costa, 51, se dedica desde 1992. Hoje, a cearense é gerente administrativa da Mangabeira Comissaria Aérea. A empresa, localizada no bairro Serrinha, em Fortaleza, presta serviços para duas companhias aéreas: Gol e Avianca. “Hoje, trabalhamos com a Avianca, que entra com serviço free (gratuito) para o passageiro; e com a Gol, que oferece serviço de BOB (buy on board ou venda a bordo, em tradução livre). O serviço de bordo vai da classe econômica à executiva”, afirma Lúcia.
O cardápio pré-estabelecido pelas companhias inclui estrogonofe, salada e sanduíches. Só para a Avianca, a empresa entrega 1.800 lanches por dia. Para a Gol, as refeições diárias chegam à média de 300. Sem contar o que é destinado à tripulação formada por pilotos e comissários de bordo.
A perspectiva de Lúcia é que, com maior movimentação de passageiros no Aeroporto Pinto Martins, a demanda por alimentos e a oferta de novas vagas de empregos cresçam. “Por enquanto não abrimos novas vagas, mas creio que em 2018 vamos aumentar nosso quadro de funcionários em pelo menos 20%”, estima.
E as oportunidades não devem se restringir ao preparo dos lanches e refeições. “Nada na nossa comissaria é terceirizado, só o gelo. Fazemos todos os serviços relacionados a serviço de bordo: temos pessoal de apoio de pista, motoristas e auxiliares e a produção em si da refeição”.
O desafio de cada dia, elenca Lúcia, é manter o negócio constantemente adequado a uma série de exigências sanitárias e de segurança, bem como garantir a qualidade/frescor dos produtos e pontualidade na entrega. “A gente produz as refeições, em média, 24 horas antes do voo. Quando o motorista e o auxiliar vão montar o serviço, já pegam uma bandeja pronta e na quantidade certa”. A métrica varia conforme prévia de consumo realizada pelas companhias quanto à quantidade de passageiros e tripulantes a cada voo. Quanto aos valores das refeições e montante movimentado, a gerente não detalha. Há sigilo contratual.
Ascensão no Brasil
Diretor de operações da Associação Brasileira das Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (Abesata), Inri Grassi garante que a demanda por mão-de-obra em todas as atividades de apoio às aeronaves, passageiros, carga e correio (também conhecidos como Ground handling) em terra, no Brasil como um todo, deve crescer pelo menos 8% no próximo ano. “E num futuro próximo, queremos alavancar os dois dígitos”. Despacho operacional de voo, transporte e abastecimento de combustíveis e lubrificantes, limpeza de aeronaves e inspeção de bagagem despachada estão entre os serviços auxiliares. Exceto catering. Para seguir a carreira, o candidato necessita passar por cursos obrigatórios, regulados pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Alguns cursos são disponibilizados pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) e outros pelas próprias empresas que contratam os profissionais.
Fonte: jornal o povo