PROGRAMA FEDERAL DE INCENTIVO À AVIAÇÃO REGIONAL SERÁ MODESTO

O programa de incentivo à aviação regional do governo Michel Temer será bem mais modesto que o lançado pela ex-presidente Dilma Rousseff. O atual plano tem 58 terminais considerados prioritários para investimentos, mas os subsídios se limitarão à Amazônia Legal. A chamada subvenção para apoio à aviação amazônica deve começar no segundo semestre com um grupo entre 10 e 12 aeroportos e verba anual de R$ 15 milhões para o subsídio.

“O papel da política pública é olhar e pensar a rede, a cadeia do setor aéreo. Não somos simplesmente agentes de fomento à construção civil”, afirmou em entrevista o secretário de Aviação Civil, Dario Rais Lopes. O discurso é bem diferente do visto há alguns anos. Em 2012, a ex-presidente Dilma Rousseff chegou a citar a intenção de criar uma rede de aeroportos regionais com até 800 terminais. Agora, os números são mais modestos.

A Secretaria de Aviação Civil (SAC) mapeou 605 aeroportos no Brasil. Desse universo, o governo elegeu uma rede regional com 189 terminais, sendo que 58 foram considerados prioritários para investimentos, que incluem reforma ou construção de pistas ou terminais, entre outras medidas. Os investimentos serão pequenos e terão como objetivo aumentar a capacidade de movimentação de aeronaves.
Entre as ações, 28 aeroportos receberão novas estações meteorológicas que permitem coleta de dados e comunicação automática com o piloto. A medida ampliará a capacidade de pousos e decolagens e também reduzirá o custo de operar nesses locais. O secretário deu como exemplo o aeroporto de Bragança Paulista, no interior do estado, cuja despesa com a estação meteorológica manual soma R$ 750 mil por ano e equivale à metade do custo total anual para manter o aeroporto aberto. Cada equipamento automático custa cerca de R$ 2,5 milhões. Também haverá medidas para ampliar a aces-
sibilidade em todos os aeroportos com voos regulares. Ao todo, 49 terminais vão receber rampas e elevadores que permitam a entrada de passageiros cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida em locais sem ponte de embarque.

Quatro aeroportos brasileiros vão a leilão com menos passageiros

Os quatro aeroportos que serão oferecidos à iniciativa privada em março perderam 3,15 milhões de passageiros no ano passado. Juntos, Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre encerraram 2016 com quase 4 milhões de passageiros menos do que as estimativas iniciais que constam do edital da licitação. Ou seja, serão privatizados “devendo” movimento. Apesar da reclamação, o governo diz que há interesse pelos aeroportos e não mudará o processo. O secretário de Aviação Civil, Dario Rais Lopes, reconhece, porém, que o ágio tende a ser pequeno.

A crise econômica reverberou com ainda mais força no setor aéreo. Com a recessão, empresas cortaram viagens corporativas, e famílias têm reavaliado planos de férias. O resultado desse rearranjo é visto nos aeroportos: o número de passageiros caiu 7,5% em relação a 2015, ritmo duas vezes maior que a contração da economia. Assim, o setor perdeu 7 milhões de passageiros – o dobro da população do Uruguai – e, para minimizar perdas, 65 aviões foram devolvidos pelas companhias aéreas.

“É a economia. Os aeroportos sofrem conforme a atividade econômica da região”, diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas, Eduardo Sanovicz. Os quatro aeroportos que serão privatizados, contudo, sofreram um pouco mais. Enquanto o mercado caiu 7,5%, Salvador, Fortaleza, Florianópolis e Porto Alegre perderam 11,9% de passageiros. Só o terminal da capital baiana teve queda de 17,5% em 2016. Lá, cerca de 30 voos diários foram extintos nos últimos dois anos.

Fonte: JORNAL DO COMERCIO – RS

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