Turistas brasileiros registram menor gasto fora do país em 5 anos

Brasília – O encarecimento do dólar e o descontrole inflacionário, que corrói a renda das famílias, levaram os brasileiros a reduzir drasticamente os gastos em viagens ao exterior. Dados do Banco Central (BC) mostram que, em maio, os turistas desembolsaram mais de US$ 1,4 bilhão durante as visitas a outros países. O valor é o menor para o mês desde 2010 e 37,4% inferior ao apurado no mesmo período do ano passado. De janeiro a maio, essas despesas chegaram a US$ 8,3 bilhões, patamar mais baixo em cinco anos.

O chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, explicou que, com o dólar mais caro, os brasileiros têm evitado fazer viagens para o exterior. Em maio, a moeda norte-americana registrou alta de 5,78%, cotado a R$ 3,18. E, nos cinco primeiros meses de 2015, o custo da divisa subiu 19,8%. Esse movimento afeta o valor das passagens aéreas, das diárias dos hotéis, dos produtos e da alimentação. Não à-toa, as companhias de aviação civil e as agências de viagens têm procurado fazer promoções para atrair turistas.

Essa missão, no entanto, não tem sido fácil, já que o custo de vida disparou nos primeiros meses do ano. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), a prévia da inflação, aponta que até junho a carestia acumula alta de até 6,28%. Com produtos e serviços mais caros, sobra pouco dinheiro para viagens. “Nas despesas com viagens ao exterior, houve uma reversão. Essa despesa vinha crescendo nos últimos anos. É um item muito sensível à taxa de câmbio. Claro que o menor nível de atividade econômica também contribui nesse sentido. Mas, fundamentalmente, o encarecimento do dólar se refletiu nessa conta neste ano”, detalhou Maciel.

CUIDADOS No ano passado, os gastos de brasileiros no exterior chegaram a US$ 25,6 bilhões, um recorde. O resultado não deve se repetir neste ano, mas algumas empresas têm tentado driblar o pessimismo. O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Western Union para a América Latina, Luiz Citro, admitiu que a volatilidade do câmbio em 2015 tem deixado os consumidores inseguros para planejar passeios ou promover gastos no cartão de crédito, sem saber se no vencimento da fatura haverá queda do dólar.

Diante da volatilidade da divisa, ele sugeriu que os interessados em viajar comprem a moeda, em espécie, antes da viagem para não ser surpreendidos com oscilações abruptas. “Temos investido na expansão da nossa rede de atendimento para continuar a crescer, mesmo em um momento de valorização do dólar. Entre remessas e vendas da moeda em papel, já crescemos 5% em relação ao volume negociado em 2014. Este ano será marcado pela volatilidade no custo do dólar, e as pessoas têm que tentar se proteger desses movimentos”, detalhou.

O esquema de corrupção na Petrobras revelado pela Operação Lava-Jato, o atraso na divulgação do balanço da companhia e o risco de racionamento de energia foram responsáveis pela queda dos investimentos de estrangeiros no Brasil, afirmou Tulio Maciel. De janeiro a maio, a entrada desses recursos despencou 35,1% em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a US$ 25,5 bilhões.

Em maio, o investimento estrangeiro direto (IED) no país chegou a US$ 6,6 bilhões, uma alta de 13,7% em relação a abril. Entretanto, quando comparado a igual período do ano passado, despencou 31,4%. Maciel projetou que, até dezembro, US$ 80 bilhões ingressarão no país.

Fonte: EM

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