Anac negou pedido de voo fretado da Chapecoense do Brasil para Colômbia

 

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) confirmou na manhã desta terça-feira (29) que negou
pedido de voo fretado da empresa boliviana Lamia para transportar o time da Chapecoense até a
Colômbia.

Segundo a agência reguladora, um voo partindo do Brasil com destino à Colômbia só poderia ser
operado por empresa brasileira ou colombiana.

O voo que foi negado pela Anac partiria do Brasil e iria direto a Medellín, na Colômbia. Depois
disso, os integrantes do time fizeram um voo comercial do Brasil até a Bolívia e, de lá, fretaram
um voo da Lamia até a Colômbia. Neste último trecho, ocorreu o acidente que, segundo
autoridades colombianas, terminou com a morte de 71 pessoas –haviam 77 pessoas no voo,
sendo 9 tripulantes e 68 passageiros.

“O pedido foi negado com base no Código Brasileiro de Aeronáutica (CBAer) e na Convenção de
Chicago, que trata dos acordos de serviços aéreos entre os países. O acordo com a Bolívia, país
originário da companhia aérea Lamia, não prevê operações como a solicitada”, informou a Anac,
por meio de nota (leia íntegra abaixo).

A Anac comunicou, ainda, que informou à empresa Lamia que “o transporte poderia ser realizado
por empresa aérea brasileira e/ou colombiana, conforme a escolha do contratante do serviço, nos
termos dos acordos internacionais em vigor”. A agência reguladora informou que “se solidariza
com os familiares das vítimas do acidente ocorrido nesta madrugada”.

O avião caiu na cidade de La Unión, próximo a Medellín, na Colômbia. Entre as vítimas, estava a
delegação da Chapecoense e jornalistas brasileiros. O time disputaria nesta quarta (30) a primeira
partida da final da Copa Sul-Americana contra o Atlético Nacional.

Leia íntegra da nota da Anac

A Agencia Nacional de Aviação Civil (Anac) se solidariza com os familiares das vítimas do
acidente ocorrido nesta madrugada, dia 29/11, com o time da Chapecoense, nas proximidades
de Medellín, Colômbia.

Sobre os voos realizados pelo time Chapecoense, a Agência informa que recebeu na última
sexta-feira, 25/11, pedido de voo fretado da empresa boliviana Lamia para o transporte dos
jogadores para a Colômbia na segunda-feira, 28/11.

O pedido foi negado no domingo, 27/11, com base no Código Brasileiro de Aeronáutica e na
Convenção de Chicago, que trata dos acordos de serviços aéreos celebrados entre os países.
Os ‘acordos de serviços aéreos’ são acordos internacionais celebrados entre as autoridades dos
países envolvidos, que estabelecem os critérios de designação das empresas, as liberdades do
ar e as rotas e destinos atendidos entre os dois territórios.

No caso, o acordo com a Bolívia, país originário da companhia Lamia, não prevê operações como
a solicitada, em que a empresa boliviana transportaria passageiros ou carga do Brasil para a
Colômbia.

O solicitante do voo foi informado que a operação só poderia ser realizada por empresa brasileira
ou colombiana, nos termos dos acordos internacionais em vigor.

Conforme informações do Centro de Operações Aeroportuárias de Guarulhos, a equipe do
Chapecoense embarcou na própria segunda-feira, dia 28/11, em um voo regular da Boliviana de
Aviacion (BOA), saindo de Guarulhos para Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. Esse voo regular
estava previamente autorizado pelas autoridades brasileiras, e transcorreu conforme previsto nas
leis e nos mencionados acordos internacionais.

Mais informações sobre o voo fretado na Bolívia com destino a Colômbia dependem de
confirmação junto às autoridades de aviação daqueles países. Consta que o voo tenha sido
fretado junto a mesma empresa Lamia (com a aeronave do pedido inicialmente feito junto à
Agência).

DE SÃO PAULO

A Agência de Aeronáutica Civil, ligada ao Ministério dos Transportes da Colômbia, declarou no
começo da noite desta terça-feira (29) que encontrou as duas caixas-pretas do avião que estava
com a delegação da Chapecoense e caiu na cidade de La Unión, próximo a Medellín, no país.

Os materiais foram encontrados em perfeito estado (veja foto abaixo), de acordo com as
autoridades colombianas.

O anúncio do resgate das caixas-pretas ocorreu por meio das redes sociais da Agência. Segundo
a equipe de aeronáutica, os dois objetos são importantes para esclarecer quais foram causas do
acidente em que morreram 71 pessoas.

A informação do acidente foi inicialmente divulgada pelo general José Acevedo Ossa, membro da
polícia local e responsável pelo resgate, e foi posteriormente confirmada pelo prefeito de Medellín
Federico Guitiérrez Zuluaga.

O voo da empresa Lamia, proveniente da Bolívia, transportava 9 tripulantes e 68 passageiros. Ao
menos 22 jornalistas de Fox Sports, Globo, RBS e rádios estavam no voo. As autoridades
colombianas informaram que havia seis sobreviventes.

São eles: o jornalista Rafael Hensel, da rádio Oeste Capital, os jogadores Alan Luciano Ruschel,
Jackson Ragnar Follmann, Hélio Hermito Zampier Neto, e dois tripulantes Ximena Suárez e Erwin
Tumiri. Eles foram encaminhados para hospitais da região, alguns em estado grave.

O goleiro da Chapecoense, Marcos Danilo Padilha, que havia sido resgato com vida, não resistiu
aos ferimentos e morreu no hospital. A morte de Padilha foi confirmada por um porta-voz do time
catarinense.

ACIDENTE

O acidente ocorreu quando a aeronave se aproximava de Medellín, no noroeste da Colômbia,
segundo fontes oficiais. Por volta das 22h (horário local), a aeronave contatou a torre de controle
da Aeronáutica Civil para informar que estava em emergência devido a falhas elétricas, entre as
cidades de Ceja e Unión.

Segundo o aeroporto José María Córdova, na cidade de Rionegro, onde a aeronave iria pousar, o
acidente ocorreu em Cerro Gordo, no departamento de Antioquia. O acesso ao local, a cerca de
50 quilômetros de Medellín, é feito apenas por terra, devido às más condições meteorológicas.

“Parece que o avião ficou sem combustível”, disse Elkin Ospina, prefeito da cidade de La Ceja,
vizinho do local do acidente. Segundo o funcionário, as autoridades já estão no local e os centros
médicos se preparam para atender os feridos.

A Aeronáutica Civil colombiana afirmou em comunicado que instalou um posto no aeroporto José
María Córdova para gerenciar a situação. A prefeitura de Rionegro, pediu para a população evitar
ir ao local do acidente e deixar as vias livres para facilitar o resgate das vítimas.

O diretor da Aeronáutica Civil Alfredo Bocanegra disse em entrevista à Telemedellín, canal local,
que pediu para todos os envolvidos no resgate permanecerem nas buscas. “Nessas próximas
horas é preciso um esforço sobre-humano. Uma só vida, vale a pena”, disse, sobre o processo
de resgate.

A AERONAVE

A aeronave Avro RJ85, de fabricação inglesa, da Lamia Bolívia estava em seu segundo voo do dia.
Na primeira viagem, fez o trecho curto de cerca de 40 minutos, entre Cochabamba e Santa Cruz
de la Sierra, ambas na Bolívia.

O segundo trecho, partindo de Santa Cruz, teria como destino a cidade de Medellín, na Colômbia,
numa distância de cerca de 2.960 km. A mesma aeronave já havia sido utilizada para voos
fretados do Chapecoense e carregava uma pintura especial com o símbolo do clube brasileiro.

Segundo a Aviation Safety Net, a aeronave tinha 17 anos e 8 meses e há três anos ela era
utilizada pela companhia aérea boliviana. Segundo informações do sistema FlightRadar, a
aeronave manteve uma rota dentro da esperada até a proximidade do aeroporto internacional José
Maria Córdoba.

“Esse avião, desde que tenha boas condições de manutenção, é seguro”, afirma Marcus Reis,
coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Estácio.

A aeronave faz duas voltas no sentido anti-horário. A manobra é similar a feita por aeronaves
quando estão aguardando autorização para aterrissar. Até este momento, ainda não há indícios
de problemas no avião.

O último sinal da aeronave captado por receptores amadores foi às 2h55 na hora local. O avião
estava viajando a 142 nós. Segundo o consultor em aviação Lito Sousa, ainda é cedo para dizer
causas da queda do avião, mas a aeronave estava em velocidade baixa. “Essa velocidade só é
compatível se ele estivesse muito próxima à pista do aeroporto”, o que não era o caso.

O modelo Avro RJ85 já foi utilizado no Brasil pela regional TABA Amazônica, sob o nome de
BAE-146.

LAÍS ALEGRETTI

DE BRASÍLIA

Fonte: Folha de São Paulo

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