Demanda reage e empresas aéreas aumentam a receita 

Por João José Oliveira | De São Paulo

As maiores companhias aéreas da América do Sul melhoraram o desempenho operacional no segundo trimestre deste ano graças à recuperação da demanda na região, que permitiu o incremento de receitas com passageiros, e à racionalização de custos, que alimentou o lucro bruto. Mas a última linha dos balanços continuou pressionada pela flutuação das moedas locais ante o dólar.

O desempenho operacional levou a uma geração de caixa mais saudável, observaram analistas. Mas não evitou o prejuízo. A Latam Airlines, a maior empresa da região e a última a publicar resultados, reportou prejuízo líquido de US$ 138 milhões entre abril e junho, com perda 50% maior que a de igual período do ano passado. Mas essa perda na última linha do balanço não teve efeito no caixa, pois foi determinada pelo câmbio. A perda na última linha do balanço foi determinada pelo câmbio; o resultado da variação cambial foi negativo em US$ 46 milhões entre abril e junho deste ano, ante um ganho de US$ 75,5 milhões um ano antes.

Já a receita total da Latam cresceu 7,7%, para US$ 2,3 bilhões, elevando o lucro operacional do grupo para US$ 48,2 milhões, ante US$ 1,3 milhão um ano antes. “Vemos uma melhora nos últimos meses, em especial ante 2016, que foi o ponto mais baixo da demanda. Mas ainda estamos cautelosos porque não temos os níveis de tráfego crescente que tínhamos antes da crise”, disse o presidente da Latam Brasil, Jerome Cadier, na sexta-feira, após fazer uma teleconferência sobre os resultados. “De qualquer forma, foi o melhor segundo trimestre da Latam no Brasil desde a fusão”, destacou.

A Latam cortou em 4% a capacidade no Brasil para conter custos e elevar a receita média por passageiro embarcado. Esse indicador aumentou 16,3% no segundo trimestre ante igual período de 2016 e ajudou a elevar o faturamento da Latam Brasil no segundo trimestre deste ano em 17% na comparação anual, para US$ 1 bilhão. 

Esse maior equilíbrio entre receitas e despesas ajudou a Latam a gerar, no segundo trimestre deste ano, um fluxo de caixa de US$ 307,5 milhões, quase o dobro dos US$ 155 milhões no mesmo período de 2016. Também para a Azul, terceira maior no Brasil, a aviação brasileira dá sinais de recuperação, e a demanda neste segundo semestre será melhor que a dos primeiros seis meses do ano. “Acredito que o cenário está pronto para a reação”, disse o diretor presidente da Azul, John Rodgerson. 

A receita da Azul aumentou 19,3% no segundo trimestre de 2017 na comparação anual, atingindo R$ 1,7 bilhão. Já os custos dos serviços prestados subiram menos, 12,2%, o que abriu espaço para o incremento do lucro operacional, que saltou de R$ 1,3 milhão para R$ 104,9 milhões. 

Na última linha do balanço, a Azul reduziu o prejuízo em 72%, para R$ 33,9 milhões. E o caixa líquido gerado no período foi positivo, em R$ 65,9 milhões, invertendo o sinal de um ano antes, quando a companhia queimou R$ 110 milhões. Também o presidente da Avianca Holdings, Hernán Rincón, apontou um ambiente de melhora 
na aviação este ano. “Temos demanda crescente nas rotas internacionais, na América do Sul, incluindo o Brasil, para Estados Unidos e Europa”, disse o executivo. A empresa colombiana é controlada pelos irmãos Efromovich, também donos da Avianca Brasil. 

A Avianca Holdings teve no segundo trimestre deste ano lucro líquido de US$ 10,6 milhões, revertendo perda de US$ 23,2 milhões de igual período de 2016. A receita cresceu 13%, a US$ 10,92 milhões, alimentada pelo primeiro aumento em quatro anos do yield (valor médio pago por passageiro por quilômetro voado). 

Para o presidente da Gol, Paulo Kakinoff, o setor aéreo no Brasil e no continente ganhou eficiência para atravessar a crise que começou em 2015. O lucro antes de juros e impostos (Ebit) recorrente da maior companhia aérea do Brasil atingiu R$ 37 milhões no segundo trimestre deste ano, ante um resultado negativo de R$ 149,6 milhões um ano antes. 

Para isso, a Gol ampliou a receita por avião. Enquanto a frota diminuiu de 120 para 116 aeronaves, entre o segundo trimestre de 2016 e mesmo período de 2017, o número de horas voadas por dia cresceu 4,8%, enquanto o valor médio pago por passageiro a cada quilômetro voado aumentou 4,8%. Assim, a receita líquida total da companhia cresceu 7%, atingindo R$ 2,2 bilhões, também o melhor resultado para um segundo trimestres desde 2010.

A última linha do balanço da Gol acabou sendo negativa, mas por conta do câmbio – que também prejudicou o resultado da Latam. A alta de 3% do dólar ante o real provocou uma perda – sem efeito no caixa – de R$ 226 milhões para a Gol. Mas o incremento da receita associado ao controle de gastos permitiu à Gol no segundo 
trimestre deste ano ter uma geração de caixa positiva, de R$ 504 milhões; um ano antes, a aérea havia consumido R$ 103,1 milhões. 

Fonte: Valor

 

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