Em teste, mala com objetos suspeitos passa pela segurança de aeroportos

Um teste mostrou falhas na fiscalização de bagagens em aeroportos de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Uma mala com objetos suspeitos passou pelos serviços de segurança, que não questionaram o que estava dentro da bagagem. A mala continha canos do mesmo aço usado na fabricação de armas e sacos de areia que lembram bananas de dinamite. A denúncia da falta de fiscalização partiu de um policial federal que trabalha no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo.

A primeira viagem da mala foi de São Paulo para o Rio de Janeiro. Ao desembarcar, a mala estava na esteira do aeroporto Santos Dumont sem alterações no lacre ou na vedação. Se fosse uma arma de verdade, poderia ter sido transportada sem nenhuma dificuldade. Na viagem de volta, do Santos Dumont para Congonhas, a mala também não foi vistoriada. No desembarque em São Paulo, havia máquinas de raio x, mas elas não estavam sendo usadas. Dois dias depois, um novo teste, desta vez de Congonhas com destino a Brasília. No check-in,um funcionário pergunta se tem algum eletrônico, algo frágil, alguma garrafa, notebook ou celular. A atendente da companhia aérea afirma que a mala passa por inspeção.

Se passou por inspeção, a imagem não levantou suspeitas. A bagagem foi e voltou de Brasília sem ser aberta. Um decreto federal determina que “a empresa aérea é responsável pela inspeção da bagagem despachada” e que “a administração aeroportuária (no caso, a Infraero) é responsável por prover os equipamentos para a inspeção de bagagem despachada.”

O policial federal revelou à Justiça que ninguém sabe o que os passageiros carregam. O depoimento foi dado a uma juíza no Fórum da Barra Funda em maio, durante o julgamento de uma mulher presa em flagrante no Aeroporto de Congonhas.

Ela levava 44 quilos de maconha escondidos na bagagem. A droga só foi descoberta por acaso, quando a mala caiu da esteira e abriu. “Se essa moça não tivesse a infelicidade de a mala cair da rampa eles colocariam a mala e a mala iria embora. É um absurdo, uma vergonha, tem um aparelho lá, e a Infraero não instala porque a Infraero joga que quem tem que tomar conta do aparelho são as companhias aéreas e a Infraero não quer colocar funcionário.”
A mala foi mostrada a um promotor que apura a falta de raio-x nos aeroportos. “Isso aqui sugere arma de fogo, sugere dinamite. Não é possível que seja transportada via avião e ninguém tenha fiscalizado o que tem dentro da mala”, disse o promotor Cássio Roberto Conserino. Ele começou a investigação depois de ouvir o depoimento do policial federal. “Se acontece com entorpercente, o que não acontece com arma, com produtos pirateados, enfim, é uma odiável ausência de fiscalização”, disse o promotor.

A Infraero disse que Congonhas e Santos Dumont têm equipamentos de inspeção de bagagens despachadas à disposição das companhias aéreas e da Polícia Federal. Mas que para os voos domésticos, a Anac ainda não determinou o percentual de malas que devem ser vistoriadas. A Anac disse que, de modo geral, as bagagens despachadas em voos domésticos são obrigatoriamente fiscalizadas quando o passageiro despacha a mala mas não embarca. Ou em casos de qualquer suspeita observada pela Polícia Federal ou por outro órgão. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas informou que a inspeção de bagagens acontece de acordo com as normas e procedimentos estabelecidos pela Anac e pela Polícia Federal.

FONTE: G1

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