Empresas que operam em aeroportos têm queda de 10% no faturamento em 2016, diz Abesata

Mesmo em contexto de crise, especialista em aviação acredita que segmento tem condições de crescer no Brasil.

De acordo com o presidente da Associação Brasileira das Esatas (Abesata), Ricardo Miguel, a má fase da economia nacional também teve reflexo na mão de obra do setor, que emprega 31,8 mil pessoas no país. A queda nos postos de trabalho foi menos significativa do que no faturamento, em torno de 3%, segundo as empresas. Entre os anos de 2013 e 2015 estas empresas abriram 3 mil vagas.

“A máquina não reduziu muito, só no faturamento, já que as áreas dividiram o prejuízo (crise financeira nacional)”, explica Ricardo Miguel.

Para o economista da Facamp José Augusto Ruas, a pequena queda na demanda por mão de obra no setor em 2016 pode estar ligada ao fato de o setor ser “enxuto”, ou por empregar profissionais muito especializados, nem sempre tão disponíveis no mercado como em outras áreas.

O que são Esatas?

As Esatas são aquelas empresas que trabalham no operacional dos terminais, atividade conhecida como Ground Handling [assistência em terra].

Estas prestadoras executam serviços entre um pouso e uma decolagem, como a fiscalização dos passageiros no embarque, o abastecimento das aeronaves, limpeza delas, e até a sinalização dos aviões no solo. O setor também atua na movimentação de cargas.

São atividades que os passageiros só notam quando estão entrando ou saindo da aeronave. Estas empresas abocanham 31% do potencial do mercado no país, já que parte do “bolo” pertence às empresas aéreas e aos administradores dos terminais.

No geral, levando em conta as Esatas, aéreas e concessionárias de aeródromos, o setor movimenta R$ 3 bilhões no país. No mundo, 50% das operações aéreas contam com empresas especializadas de assistência em terra, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata).

“Acho que no Brasil as Esatas podem crescer porque muitas aéreas podem largar parte do serviço para baratear custos”, aposta Ricardo Miguel.

Hoje, os aeroportos de Guarulhos, Campinas, Galeão (Rio de Janeiro), Manaus e Brasília representam 35% das Esatas no país.

Números do transporte aéreo

  • O transporte aéreo brasileiro entrou em fevereiro de 2017 no 19º mês consecutivo de recuo na demanda doméstica.
  • A queda foi de 5,3% se comparada ao mesmo mês de 2016, segundo a Agência Nacional de Aviação (Anac).
  • No mês passado foram transportados 6,6 milhões de passageiros, queda de 7% frente ao mesmo mês do ano passado.

Mercado para crescer

Especialista em aviação e vice-presidente comercial da Modern Logistics, Adalberto Febeliano, disse acreditar que, mesmo com a crise econômica afetando o setor aéreo, o país tem espaço para crescer.

Hoje, a relação de viagens/ano é de 0,5 por brasileiro no país de 206 milhões de habitantes, segundo as empresas. Estados Unidos, Canadá e Austrália, países também com grandes áreas territoriais, chegam a ter até 4 viagens ano por morador.

“Quando você tem uma crise econômica o transporte acaba sofrendo bastante. Se você vai fazer uma viagem de lazer, por exemplo, pensa duas vezes porque você não sabe se vai ter emprego no mês que vem”, opina Febeliano.

Agora, para o especialista o desenvolvimento econômico do Brasil não pode ser pensado sem o transporte aéreo. “É uma das infraestruturas básicas de um país de grandes dimensões”, afirma ele.

Para equilibrar o setor, segundo ele, o necessário seria mudar o ambiente de negócios no país como um todo.

“O custo Brasil é muito alto, e as regras de trabalho aqui são muito complexas. E 40% dos custos das empresas são de combustível”, afirma Adalberto Febeliano.

Abertura para o capital estrangeiro

Questionado sobre a possibilidade da abertura do mercado para empresas estrangeiras, o especialista em aviação disse não acreditar que esta seja a receita ideal, já que ainda existem no país inseguranças na legislação e no marco regulatório. O governo brasileiro pensa nesta saída para tentar movimentar o setor.

“Imagine se você é um empresário e tem essa história de cobrar ou não pela bagagem e você tem um órgão regulador da aviação neste país (Anac). A Anac define regras e a Justiça suspende.

Espera um pouco! Quando eu certificar minha empresa na Anac, a Justiça poderá mexer na minha certificação? Essa é a imagem que o país passa”, opina.

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 Fonte: Globo
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