Gol vai ajustar plano de frota diante de demanda mais fraca no Brasil

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Por João José Oliveira | Valor

SÃO PAULO – O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, disse que o segundo trimestre deste ano foi o que apresentou o cenário macroeconômico mais adverso desde que a Gol foi criada. “Câmbio desfavorável e demanda fraca foram uma combinação muito adversa”, disse o executivo durante teleconferência de resultados com jornalistas. A companhia aérea registrou prejuízo líquido de R$ 395,9 milhões no segundo trimestre deste ano, ante um prejuízo líquido de R$ 174,2 milhões obtido no mesmo trimestre de 2014, em alta de 127%. A receita líquida, que caiu 10,3% no segundo trimestre deste ano, para R$ 2,13 bilhões, ante R$ 2,38 bilhões um ano antes.

Assim, a Gol vai ajustar o plano de frota para adequar a oferta à demanda mais fraca no Brasil. “Nossos contratos com a Boeing [fabricante de aviões] e lessores [empresas de leasing de aeronaves] já preveem ajustes no programa de entregas de aviões. Nosso programa de recebimento pode ser adiado para que não haja nenhuma ociosidade”, disse Kakinoff. A Gol opera hoje com 142 aeronaves. A empresa possui 97 aviões em regime de leasing operacional e 45 como leasing financeiro. Dessas, um total de 40 possuem opções de compra ao fim do contrato. No segundo trimestre, a companhia recebeu 3 aeronaves B737 NG em regime de leasing operacional e devolveu 1 avião B737 NGs.

A Gol possui com a Boeing 127 pedidos firmes para aquisição de aeronaves e renovação da frota até 2026. A companhia alterou a projeção de oferta doméstica para 2015, de estabilidade para faixa entre estabilidade e queda de 1% na comparação com o ano passado. Depois de apresentar aumento de capacidade de 2,1% no primeiro semestre, a aérea tem agora meta de reduzir entre 2% e 4% a capacidade entre julho e dezembro.
“No momento, temos sete aeronaves nossas voando na Europa e nenhuma aeronave no chão, além daquelas em manutenção. Nosso objetivo é ter ociosidade zero”, disse Kakinoff sobre o acordo que a companhia tem com a Transavia, empresa controlada pela Air France-KLM. Por meio desse contrato, a companhia brasileira envia aviões que estão pouco utilizados no Brasil para atender à maior demanda na alta temporada europeia. Essas aeronaves retornam na alta temporada brasileira, no fim do ano.

O presidente da Gol admitiu que o segundo semestre deste ano pode ser mais “desafiador” que o projetado anteriormente. Em nota, a companhia afirmou que pode rever a projeção de rentabilidade medida pela margem em relação ao lucro antes de juros e impostos — a chamada margem Ebit. Atualmente, a empresa tem meta de fechar 2015 com margem Ebit de 2% a 5%. “Mas nossos indicadores operacionais continuam fortes e estamos preparados para enfrentar esse momento adverso”, disse Kakinoff.
Entre abril e julho, as receitas auxiliares e de cargas da Gol cresceram 13,8% na comparação anual, e atingiram R$ 284,3 milhões. Mesmo assim, receita líquida total da companhia, de R$ 2,1 bilhões, teve recuo de 10,5% quando comparada ao mesmo período de 2014, reflexo da menor atividade econômica nacional. E o prejuízo líquido, de R$ 395,912 milhões no segundo trimestre deste ano, foi maior que a perda de R$ 174,178 milhões apurada no mesmo trimestre de 2014.

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