Para Embraer, impacto de novo governo é de curto prazo

A fabricante brasileira de aeronaves Embraer considera que o resultado das eleição americana,
com a vitória do republicano Donald Trump, pode ter repercussões de curto prazo, no mercado
de câmbio, mas aponta que na demanda mundial na aviação o evento terá efeito neutro.

“A eleição acabou de ser concluída e ainda é prematuro fazermos avaliações de possíveis
impactos”, afirmou o presidente da Embraer, Paulo Cesar de Souza e Silva. “Com relação à
volatilidade cambial, entendemos como algo natural e que é impactada por diferentes fatores,
tanto no Brasil quanto fora. Independentemente de eventuais volatilidades, nossa expectativa é
que no médio prazo a taxa de câmbio se sustente nos mesmos patamares que vinham se
apresentando”, disse.

O executivo pondera que independentemente das reações dos agentes econômicos no curto
prazo, o segmento aeroespacial é global e, pela própria natureza do negócio, possui ciclos de
negócios de longo prazo.

Ele ressalta que a concepção de uma nova aeronave, dos primeiros estudos até a certificação
final, por exemplo, leva em média de 6 a 8 anos. “Isso se reflete em projetos e investimentos
igualmente de longo prazo, que são menos suscetíveis a aspectos conjunturais”, disse Paulo
Cesar.

Os Estados Unidos representam o maior mercado na aviação mundial. No segmento do transporte
regular de passageiros e de carga, o país tem a maior frota de aeronaves do planeta e o maior
volume de passageiros embarcados – quase 500 milhões de pessoas por ano.

No estudo anual de projeções de demanda que a própria Embraer faz, a estimativa é de que os
Estados Unidos vão responder por 32% de todas as encomendas de aeronaves de 70 a 130
assentos – segmento em que atua a fabricante brasileira – até 2035. Assim, as companhias
aéreas americanas devem comprar 2,06 mil aviões desse tipo, num total de 6,35 mil unidades
que serão vendidos no mundo, por todas as fabricantes, nos próximos 20 anos.

No segmento de aviação executiva, os Estados Unidos têm 12 mil das 20 mil aeronaves desse
segmento em uso hoje no mundo. E o mercado norte-americano vai demandar quase um-terço
das 8,6 mil novas encomendas que os fabricantes devem vender até 2026, segundo estudo da
Honeywell, fornecedora de tecnologia e sistemas para a indústria da aviação. A Embraer
considera os Estados Unidos estratégicos, onde a empresa tem seu maior mercado comprador.

Por isso, a fabricante tem aumentado a presença no mercado americano, com investimentos em
plantas industriais, na Flórida. Em Jacksonville, a empresa monta desde 2013 os aviões militares
Super Tucano. Em junho deste ano, a companhia inaugurou a planta de Melbourne, onde monta
os jatos executivos, como o Legacy 450 e Legacy 500. “Mais da metade do mercado de jatos
executivos do mundo está nos Estados Unidos. Todos nossos concorrentes estão lá. Então
temos que ter presença também”, disse Silva.

A empresa é ainda fornecedora da Força Aérea Americana com os Super Tucanos. A fabricante
tem uma encomenda de 20 aeronaves desse modelo no valor de quase US$ 500 milhões. E a
americana Boeing, maior fabricante do setor no mundo, é parceira em acordos de pesquisa e
tecnologia (uso de biocombustível na aviação), e comerciais (parceria para venda do seu
cargueiro militar, o KC-390).

Por João José Oliveira | De São Paulo

 

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