TAM mantém plano de investimento no Brasil, apesar de menor oferta

latam

Por João José Oliveira | Valor

SÃO PAULO – A TAM vai manter o plano de investimento no Brasil para o biênio 2015/2016, estimado em R$ 13 bilhões, apesar do corte na capacidade que a companhia fará este ano, que poderá ser de até 4% em termos de assentos-quilômetros disponíveis (ASK, na sigla em inglês), disse a presidente da companhia controlada pela Latam, Claudia Sender.

“O plano de investimento para Brasil não muda”, disse a executiva ao Valor, referindo-se ao programa de renovação de frota, criação de um hub — ponto de conexões — em um aeroporto da região Nordeste e unificação de marcas. “A Latam está aqui para o longo prazo e não o curto prazo. O Brasil vai voltar a crescer.” Claudia Sender admitiu que a crise econômica por que passa o país é grave e que a recuperação será lenta. “A revisão do guidance mostra o quanto a economia impactou os dois lados de nossa operação”, disse a executiva. Ontem, o grupo Latam — controlador da TAM e da LAN, anunciou que vai fechar este ano com uma oferta de 2% a 4% menor que a existente em 2014. Antes, a holding tinha plano de manter estável a capacidade.

Junto com a racionalização da disponibilidade de assentos no Brasil, a Latam também reduziu a estimativa que tem para lucro operacional, cortando a previsão de margem antes de juros e impostos — a chamada margem Ebit — para uma faixa entre 3,5% e 5%, de 6% a 8% de ganho anteriormente traçado. “Como esse cenário pode demorar a mudar, a gente optou por ajustar o guidance”, disse Claudia Sender.

A executiva disse que a companhia mantém o plano de começar a investir em um hub no Nordeste até o começo de 2017. Três cidades estão sendo avaliadas pela companhia para ter seu aeroporto escolhido para ser um ponto de conexão — Natal (RN), Recife (PE) e Fortaleza (CE). “A gente está trabalhando para manter o cronograma”, afirmou a presidente da TAM, admitindo que há outros fatores que podem atrapalhar o projeto, como o nível de demanda no Brasil e o comportamento do câmbio. Sobre a frota, a presidente da TAM disse que o fato de a companhia aérea integrar um grupo continental cria flexibilidade. “A gente, como Latam, tem uma fortaleza grande para diversificar a fonte de receita e de financiamento e geração”, disse.

O grupo Latam tem um plano de frota que prevê o recebimento de 139 novas aeronaves de 2015

até 2021. Desse total, 16 são entregas neste ano, 27 unidades em 2016 e mais 33 em 2017. A presidente da TAM afirmou que há sinais de que o pior da crise já passou, com alguma estabilização no processo de retração dos preços das passagens aéreas. Mas ainda é cedo para concluir que essa tendência é firme. A recuperação será lenta”, disse a executiva. A TAM registrou no primeiro semestre deste ano um prejuízo líquido de US$ 61,9 milhões. Entre janeiro e junho do ano passado, a companhia brasileira havia apurado lucro líquido de US$ 38,1 milhões. Os números — expostos em dólares porque integram o balanço da controladora Latam — apontaram queda de 27,3% na receita corrente, que ficou em US$ 2,444 bilhões, ante US$ 3,360 bilhões um ano antes.
Já o grupo Latam teve no semestre receita líquida de US$ 5,2 bilhões, 17,2% menor que no ano anterior. Nos seis primeiros meses do ano, o prejuízo líquido do grupo todo — que inclui as aéreas LAN de Chile, Argentina, Colômbia, Peru e Equador — atingiu US$ 89,7 milhões, perda 10,5% menor que em igual período de 2014.

Leia também

O preço das passagens

Sem disponibilizar os bilhões que estão em Fundos, governo idealiza reduzir preços das passagens aéreas. Mas e os operadores? Reza uma história que durante a

Leia mais »

© 2024 All Rights Reserved.